Morte de irmãos que tomaram veneno achando ser suco no PR: agropecuária é investigada por venda ilegal

  • 11/06/2025
(Foto: Reprodução)
Polícia afirma que substância pode ter venda ilegal no Brasil, que foi vendida em garrafa plástica transparente e não rotulada (o que é proibido), e que agropecuária não tinha autorização para vender nenhum tipo de veneno. Defesa diz que vai aguardar finalização do inquérito para se manifestar. Veneno estava guardado em garrafa plástica transparente Polícia Civil A agropecuária que vendeu o veneno de uso agropecuário que causou a morte de dois irmãos em Sengés, nos Campos Gerais do Paraná, está sendo investigada pelo crime de venda ilegal de agrotóxico proibido. Segundo a Polícia Civil, a substância foi vendida em uma garrafa plástica transparente e não rotulada (o que é proibido), e a suspeita é que os irmãos tomaram achando ser suco de uva. Eles tinham 54 e 57 anos e eram diagnosticados com esquizofrenia. O caso aconteceu em janeiro e está com o inquérito "travado", aguardando o resultado de laudos periciais. Saiba mais abaixo. ✅Siga o g1 PR no Instagram ✅ Siga o canal do g1 Ponta Grossa e região no WhatsApp De acordo com o delegado Isaias Fernandes Machado, responsável pelo caso, outro irmão das vítimas, responsável por comprar o veneno e deixar na casa deles, disse tratar-se de um agrotóxico que, segundo o delegado, tem venda proibida no Brasil. Agora, a polícia aguarda a perícia confirmar que se trata da substância. Ele também afirma ter verificado que a agropecuária não possuía autorização para vender nenhum tipo de agrotóxico - somando três irregularidades identificadas. A situação inicialmente foi atendida pela delegada Renata Batista, quando Isaias estava de férias. Na época, ela ressaltou que, por lei, herbicidas devem ser vendidos rotulados, com identificação e orientações sobre cuidados no manuseio - o que não foi o caso da situação de Sengés, segundo ela. "O herbicida foi adquirido na forma líquida, e tinha uma cor escura, parecida com suco de uva, e foi vendido a granel, ou seja, o vendedor retirou de um frasco maior e acondicionou em um frasco transparente, parecido com garrafa de suco. Nesse frasco de meio litro de herbicida não tinha nenhuma etiqueta com alerta de perigo sobre o consumo, forma de uso, ou composição", relatou, na época. Por isso, adianta o delegado Isaias, quando a perícia for entregue e o inquérito for finalizado, o dono da agropecuária e a esposa e o filho dele, que também são responsáveis pelo estabelecimento, devem ser indiciados. Ele explica que os três podem ser condenados a até nove anos de prisão pela venda do veneno proibido, e a seis anos de prisão pela venda de agrotóxicos permitidos, mas sem autorização. Ao g1, o advogado que representa os donos da agropecuária disse que a defesa vai aguardar a finalização do inquérito para se manifestar. Leia também: Paraná: Homem foge de cadeia, furta viatura da polícia com armas e abandona veículo Tempo: Paraná deve registrar geada e temperaturas próximas a 0ºC; veja quando e onde Pai e filho presos em caso de violência doméstica: Filho agride esposa e pai dele tenta impedir entrada da polícia, diz PM Cinco meses após mortes, polícia aguarda aguarda laudo da perícia para finalizar inquérito A Polícia Civil do Paraná (PC-PR) afirma que aguarda o resultado de laudos periciais da Polícia Científica do estado "para identificar a substância ingerida pelas vítimas e concluir o inquérito policial". Questionada pelo g1 sobre o andamento dos laudos, a Polícia Científica do Paraná afirmou que, por envolverem a detecção de agrotóxicos em amostras de sangue, as análises demandam maior tempo de processamento "em razão da complexidade analítica envolvida". O prazo estimado para o término dos laudos é a segunda semana de julho, diz a corporação. "Tais compostos exigem métodos específicos de extração, derivatização e detecção, geralmente realizados por técnicas instrumentais de alta sensibilidade, como a cromatografia líquida acoplada à espectrometria de massas (LC-MS/MS). Além disso, o processo requer rigoroso controle de qualidade e validação dos resultados, o que impacta diretamente no prazo de liberação. [...] Reiteramos que todas as etapas estão sendo executadas com o cuidado necessário para garantir a confiabilidade e precisão analítica", justifica a Polícia Científica. Irmãos tiveram acesso a veneno por engano, indica investigação Irmão das vítimas disse que os dois tiveram acesso a veneno por engano De acordo com a corporação, familiares relataram que as vítimas eram diagnosticadas com esquizofrenia e moravam sozinhas em uma casa próxima de onde vive outro irmão, de 65 anos, que era tutor deles e foi quem comprou o veneno. Ambas as residências ficam no mesmo sítio, na zona rural da cidade. O g1 teve acesso ao interrogatório deste irmão. Ele disse à polícia que os dois tiveram acesso à substância por engano. Assista acima. O homem não possui defesa constituída e o g1 optou por não revelar o nome e imagem dele porque o inquérito que apura o caso aponta que ele não agiu com a intenção de matar, e as mortes são consideradas acidentais. Segundo ele, no dia 8 de janeiro os dois pediram que ele comprasse suco de uva. Ele contou que comprou no mercado e, no caminho, aproveitou para ir a uma agropecuária comprar botas e luvas. No mesmo estabelecimento, comprou um herbicida que estava precisando para utilizar na lavoura. O irmão das vítimas também disse à polícia que, ao chegar na casa deles, deixou a sacola com o suco e também a com as botas e as luvas – mas nela também estava o herbicida, que ele esqueceu de levar para a própria casa. Cerca de 20 minutos depois ele percebeu que deixou a sacola na casa dos irmãos e voltou ao local para buscar o veneno, mas eles já tinham tomado o líquido, conforme a investigação. Os familiares disseram que os irmãos provavelmente acharam que o veneno era suco de uva por três motivos: eles tinham pedido para o irmão mais velho comprar a bebida; a cor do veneno, que era líquido, parecia com a do suco; e o recipiente em que o veneno estava era uma garrafa plástica transparente e não rotulada, semelhante a uma garrafa de água de 500 ml. A ingestão aconteceu no dia 8 de janeiro (quarta-feira). De acordo com o boletim da ocorrência, ambos foram socorridos com vida, mas faleceram horas depois, já no dia 9, no pronto atendimento municipal. "O irmão que levou o veneno que matou seus irmãos, por ter agido com negligência, irá ser indiciado por homicídio culposo - mas certamente, segundo a lei, irá receber perdão judicial", finaliza o delegado. Veneno estava guardado em garrafa plástica transparente Polícia Civil do Paraná Vídeos mais assistidos do g1 Paraná: Leia mais notícias da região em g1 Campos Gerais e Sul.

FONTE: https://g1.globo.com/pr/campos-gerais-sul/noticia/2025/06/11/morte-de-irmaos-que-tomaram-veneno-achando-ser-suco-no-pr-agropecuaria-e-investigada-por-venda-ilegal.ghtml


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